- Nada
mudou neste caso. O contrato permanece suspenso e vamos aguardar o julgamento.
Qualquer coisa que seja dita neste momento é precipitada – afirmou a presidente
Patricia Amorim, através da sua assessoria de imprensa.
Dois
tons de vermelho, dois momentos distintos: Bruno com a camisa número 1 ainda
como jogador do Flamengo e, depois, algemado e com uniforme de detento (Foto:
Editoria de Arte / Globoesporte.com)
O caso
Bruno é extremamente delicado para Patricia, ainda mais às vésperas da eleição
para presidente do clube, marcada para o dia 3 de dezembro. A mandatária não se
estende sobre o assunto, evita tecer maiores comentários, mas pessoas próximas
repassam para a presidente o andamento do julgamento que envolve o funcionário
do Flamengo.
Em julho
de 2010, Patricia Amorim chegou a declarar que, mesmo absolvido, o goleiro não vestiria
mais a camisa rubro-negra. E relatou o primeiro encontro com Bruno quando o
caso já tinha vindo à tona, mas o jogador ainda estava em liberdade. A conversa
aconteceu para que o afastamento fosse comunicado ao atleta:
- Ele me
olhou no olho. Naquele momento não estava abatido, não tinha nenhum tipo de
situação conflitante em que você poderia notar tristeza. Nós estávamos
curiosos, mas não perguntamos nada. Ele disse que era inocente, disse que
gostava do Flamengo, não queria prejudicar a imagem do clube, e aceitou (o
afastamento). Ele ainda queria conversar com os jogadores no vestiário, mas o
Isaías (Tinoco, então supervisor de futebol) disse que não seria bom. Ele
estava muito tranquilo, muito tranquilo. Olhava no olho. Foi muito chocante e
muito dificil. Especialmente para mim, que sou mulher, é dificil de falar
também. Mesmo que seja julgado inocente, ele não jogará mais no Flamengo.
Em
setembro de 2010, a presidente, Zico, então diretor de futebol, e Léo Moura
tiveram que depor na 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, no Rio, para prestar
esclarecimentos sobre o dia a dia do goleiro.
Advogado
do Fla: 'O julgamento cabe à Justiça'
O
contrato de Bruno firmado com o clube vai até 31 de dezembro e está suspenso
por causa da prisão do goleiro em julho de 2010, suspeito do assassinato de
Eliza Samudio. O corpo jurídico do Flamengo optou por não demitir o goleiro por
justa causa antes do julgamento que começou na segunda-feira. Mas o clube se
resguarda.
No
processo que corre na Justiça do Rio, o jogador já foi condenado por sequestro,
cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samudio,
numa pena inicial de quatro anos que foi reduzida para um ano e dois meses. Os
advogados entendem que já seriam elementos suficientes para romper o contrato
por danos ao clube. Mas a estratégia é aguardar o dia 31 de dezembro, quando
terminará o vínculo entre as partes.
- O
Flamengo não pode prejulgar, o julgamento cabe à Justiça. Tomamos as medidas
que eram cabíveis, agora aguardamos a decisão judicial. O contrato está
suspenso, qualquer questão em relação ao futuro tem que aguardar o julgamento.
Vamos esperar o fim do caso - disse o advogado André Galdeano, que integra o
quadro do futebol do Rubro-Negro.
Após
chegar ao Fla em 2006, Bruno renovou contrato em janeiro de 2008, com vínculo
até 31 de dezembro de 2012, como mostra site da Federação de Futebol do Rio
(Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Os
advogados têm ciência de que, caso conseguisse um habeas corpus, Bruno teria
direito legal de aparecer no Ninho do Urubu para treinar. Mesmo com a prisão, o
clube não teve como recorrer à demissão por justa causa, pois nenhuma sentença
condenatória foi transitada em julgado. As leis trabalhistas também protegem o
ex-camisa 1.
- Como
funcionário, o Flamengo tem que recebê-lo. Se seria aproveitado, é uma outra
questão - completou Galdeano.
Internamente
no clube, ninguém acredita - nem quer apostar - em absolvição. Depois do
término do contrato, quando estiver em liberdade, Bruno poderá questionar
judicialmente o não pagamento dos vencimentos, suspensos no dia 7 de julho de
2010. O clube, porém, poderia argumentar que o atleta não prestou o serviço
para o qual foi contratado. O departamento jurídico decidiu não rescindir o
contrato do ex-camisa 1 porque havia o risco de pagar multa rescisória em caso
de rompimento unilateral. O goleiro recebia salários de R$ 160 mil por mês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário